Føroyar

Cada viagem tem uma banda sonora e esta não foi exceção. A escolha: The National. (Matt Berninger és um sortudo!)
Partimos de Faro rumo à ilha de Vágar. Após duas escalas, Amesterdão e Copenhaga, eis-nos em pleno Atlântico, na tão desejada aventura: a descoberta das Faroé.
Entre o Reino Unido, Islândia e Noruega encontra-se este arquipélago de 18 ilhas, com cerca de 50 mil habitantes e 70 mil ovelhas.
A capital, Tórshavn, fica na ilha maior e central, Streymoy, onde reside um quarto da população total das Faroé.
Algumas das ilhas são acessíveis apenas de barco ou helicóptero. Para visitá-las S. Pedro e Neptuno devem tornar-se aliados, o que nem sempre acontece, mesmo em pleno mês de agosto. Por esse motivo, a visita a  Mykines, a ilha mais ocidental do arquipélago, com cerca de uma dezena de habitantes e conhecida pela colónia de puffins, ficou pendente. É sempre bom ter um motivo para regressar, não é?

Sem qualquer ordem, a minha lista dos imperdíveis: Bøur; Gásaladur; lago Sørvagsvatn (Leitisvatn); Saksun; Kirkjubøur; Tjørnuvík (vale a pena descobrir a casa do senhor Hans, pelos maravilhosos waffles, o café e os deliciosos minutos de conversa); a maior queda de água – Fossá; Gjogv; Kalsoy e o seu farol, Kallur.

Para continuar a viagem, algumas fotos…
Vens comigo?

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Lago Sørvagsvatn (Leitisvatn) – ilha de Vágar
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Lago Sørvagsvatn (Leitisvatn) – ilha de Vágar
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Kirkjubøur (ilha de Streymoy)
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Rumo a nada, rumo a tudo
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Vestamanna (ilha de Streymoy)
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Funningur (ilha de Eysturoy)
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Gjogv (ilha de Eysturoy)
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Gjogv (ilha de Eysturoy)
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Bøur (ilha de Vágar)
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Saksun (ilha de Streymoy)
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Saksun (ilha de Streymoy)
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Saksun (ilha de Streymoy)
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Funningur (ilha de Eysturoy)
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Gásaladur (ilha de Vágar)
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Gásaladur (ilha de Vágar)
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Kallur (ilha de Kalsoy)
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Kallur (ilha de Kalsoy)
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Kallur (ilha de Kalsoy)

Já agora, vale a pena espreitar:

http://www.omundomagno.com/2018/07/roteiro-ilhas-faroe.html

O Mundo Magno é maravilhoso!

 

Ribatejo dourado

Aos momentos logo após o nascer do sol e pouco antes do pôr-do-sol chamam-lhe “hora dourada”. E se essa hora esquecesse o tempo e ganhasse corpo? É possível! Vou contar-te um segredo: no Ribatejo os campos vestem-se de ouro. Cuidadosamente, pode caminhar-se sobre eles. Seguindo as indicações,  chega-se à cor esperança em forma de árvore. Aqui, está na hora de despertar a criança que há dentro de ti. Está na hora de trepar a esperança. No cimo, descalça-te. E pé ante pé, sente o algodão macio das nuvens. Podes saltitar. Podes correr. Podes deixar-te cair sobre elas. Vão abraçar-te. Estás nas nuvens. Se estenderes o braço e com os dedos fizeres cócegas à nuvem vizinha consegues tocar no céu. A “hora dourada” no Ribatejo perdeu o relógio. Queres conhecê-la?

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Estado puro

É verdade que a imponência dos monumentos e a história que encarnam não deixam ninguém indiferente. No entanto, confesso que não são esses os ‘pontos altos’ das viagens. Um sorriso. Um abraço. Um convite para tomar café na casa de alguém que conheci há escassos minutos. Os becos e ruelas que rodeiam as ruas principais e as suas gentes, no quotidiano, nos lugares mais inóspitos e, ainda, em estado puro. Numa palavra: pessoas. Serão essas as minhas primeiras recordações de cada cantinho que me vai completando.

Regresso ao Uzbequistão…

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Pedaços de vida

A menina faz um sorriso tão bonito e pacífico, tão generoso e puro, que me encanta e me conquista de imediato e para sempre. Dá-me o melhor de si, sem que eu tenha sequer pedido. Não sei como retribuir tão generosa dádiva. E se o mundo fosse todo assim, um mundo em que todos damos de imediato e sem condições, a alguém que ainda nem conhecemos, o melhor que temos?

Aproximo-me da menina e, com gestos que pressinto envergonhados, pergunto-lhe se posso tirar-lhe uma fotografia; acena que sim, mantendo o sorriso imperturbável. Fixo o seu sorriso para sempre, não apenas no cartão da máquina mas na minha memória, naquilo a que chamam alma e onde guardamos tudo o que nos faz viver. Depois, chamo a menina e mostro-lhe o seu retrato. Olhamos em silêncio para o ecrã da máquina; vemos um sorriso, partilhamos um sorriso, perpetuamos um sorriso. O momento dura uma eternidade, que é o que sempre acontece aos momentos que guardamos na alma.

Chamam-me a colecionadora de sorrisos, mas por vezes sinto-me mais que tudo uma guardadora de sorrisos; sinto que transporto comigo pedaços de alma de tanta gente, guardados na minha própria alma; na alma que vou construindo dia-a-dia com tantos pedaços de vida em forma de sorrisos.

Texto | Paulo Kellerman

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Colecionadora de Sorrisos

8:30. Passagem pelo raio X. Carimbo no bilhete. Estou pronta para entrar naquele conjunto de paralelepípedos, com vértices polidos e unidos pelo cheiro da creolina. O branco, o azul e o verde dão cor àquele que me conduzirá de Samarcanda, a emblemática cidade da Rota da Seda, rumo a Tashkent. O meu destino é a capital daquele país com nome estranho e difícil de pronunciar – pelo menos à primeira tentativa – Uzbequistão.

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Um misto de nostalgia e fascínio apodera-se de mim.

“A sineta tilintou languidamente. E o comboio deslizou, com descanso, como se passeasse para seu regalo sobre as duas fitas de aço, assobiando e gozando a beleza da terra e do céu”. Não é igual à experiência de Eça de Queirós em “A Cidade e as Serras”, mas é assim que me sinto.

A carruagem que me pertence está quase vazia. É um convite para percorrer o comboio de lés a lés.

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Aqui viajam famílias que, ao fim de escassos minutos, são minhas também. A vontade de socializar ultrapassa toda e qualquer barreira linguística. Os sorrisos dourados, tão característicos do povo uzbeque, são linguagem universal para a interação. Partilha. Descoberta.

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O intenso aroma do chá acabado de fazer percorre os estreitos corredores e perfuma as carruagens. O branco dos lençóis serve de mesa de jogo ou de descanso para as horas de viagem que ainda restam. A timidez é vencida pela curiosidade. Sento-me para fotografar e retribuir a generosidade dos sorrisos e dos abraços das crianças. «Portugália», assim chamam ao país, que é meu, plantado à beira-mar.

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11:45. Regresso ao lugar inicial com um pão oferecido. Aproveito o tempo que me resta. O leve balançar da locomotiva fecha-me os olhos e absorvo as vivências. Dizem que as pessoas têm impressões digitais únicas e irrepetíveis, uma marca distintiva: os dedos (e o toque) de cada indivíduo são únicos e irrepetíveis, e tornam cada pessoa precisamente única e irrepetível. É o que dizem e eu acredito. Mas creio que existe uma característica ainda mais distinguível. Se as impressões digitais são a característica diferenciadora de cada corpo, qual será a de cada alma? O sorriso, penso. Porque, apesar de ser uma ação do corpo, exprime e materializa um sentir da alma. Como se fosse a janela da alma. É nisto que me foco durante a viagem, perante o desfile de sorrisos com que me brindam. Lembro o meu velho projeto de criança, de quando ainda era mais criança: partir pelo mundo e descobrir todos os sorrisos possíveis. Colecionar sorrisos. Lembro a minha resposta tonta, quando me perguntavam o que queria ser quando fosse grande: colecionadora de sorrisos.  E sorrio, junto o meu sorriso ao de todas estas pessoas que, apesar de não conhecer, sinto muito próximas de mim. Abriram as suas janelas.

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12:30. O comboio chega a Tashkent.

[Parceria nas palavras: O coleccionador de abraços, Paulo Kellerman]

Khei-va

Segundo a lenda, contada por um taxista autodidata no inglês, o nome da cidade nasceu da voz do filho de Noé. Como a terra era muito seca, após ter escavado um buraco encontrou água e quando bebeu proferiu: Khei-va  (que boa).
Lugar integrante da Rota da Seda. Madraças, mesquitas, mausoléus e minaretes decoram o interior das muralhas desta cidade, uma das mais antigas da Ásia Central, reconhecida como Património Mundial pela UNESCO em 1990.
Não descurando o museu a céu aberto, hoje perco-me nas ruelas labírinticas e cruzo-me com as brincadeiras das crianças, com as bicicletas abandonadas mas cúmplices de muitas aventuras, com os sorrisos, com a simpatia genuína por vezes contaminada por uma certa timidez. É esta desordem organizada que me seduz; é a possibilidade de descoberta e surpresa que surge ao virar da esquina que me encanta.
Bem-vindos à fascinante Khiva!

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Islândia IV

Um dos “poderes” dos sonhadores é viajar, com frequência, sem sair do sofá. Viaja-se pelo ainda desconhecido ou volta-se a locais antes visitados.

Imbuída pelo frio que se faz sentir, apeteceu-me ir até à Islândia, mais concretamente a Leirhnjúkur,  que faz parte da região vulcânica do Krafla. Se por um lado a Terra do Gelo com os sedutores  glaciares encanta qualquer um, a parte  correspodente à Terra do Fogo não se deixa ficar atrás.  A intensa atividade vulcânica da Islândia ajudou a moldar a sua deslumbrante paisagem. Em Leirhnjúkur percorro o que o interior da Terra ofereceu. Caminho sobre um vulcão ativo. O solo está quente. Durante um par de horas perco-me entre os campos de lava e deixo-me levar pelo mistério que as fumarolas fazem sentir. É a Mãe Natureza a conduzir este trilho soberbo.

Curiosidades:
A primeira erupção ocorreu entre 1724-29, conhecida como os Fogos de Myvatn. Após 250 anos de dormência, o Krafla entrou em erupção de 1975 a 1984, período denominado  de Fogos do Krafla.

Nos Açores, os campos de lava tão característicos das pérolas atlânticas e formados pelas erupções vulcânicas, são vulgarmente conhecidos por “Mistérios”, atendendo a que os habitantes não tinham justificação para tais fenónemos naturais.

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Nazaré

“Quartos; Rooms; Zimmers; Chambres”, invadem as varandas ou as mãos das senhoras das sete saias que dizem em inglês, com acento nazareno: “come here, my love!”
É a autenticidade e o preservar das tradições que me encantam nesta terra. O cheiro a mar que teima em salpicar o rosto dos que por lá passeiam, quase como se de água benta se tratasse. As mãos e os rostos das senhoras que vendem peixe seco não enganam. São mapas genuínos de vida. Estão vestidas a rigor com as suas saias, tantas quantos os dias de semana, lenço na cabeça e libras a dourar as orelhas. São bonitas. Desculpem… São muito bonitas e gentis. É a Nazaré.

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Escócia

Poder terminar 2017 e receber o novo ano a fazer aquilo que mais gostamos é um privilégio. A gratidão vai crescendo e ganhando formas. Tem curvas de sorriso e a força dos abraços apertados e partilhados.

Há muito que a Escócia estava naquela lista-sem-fim-de-sonhos, sempre disponível para imprevistos e surpresas. No dia que chegasse esta viagem sabia que não se tratava apenas da descoberta de um novo país. Os sentidos e a memória seriam postos à prova, com muita frequência. Há um toque de Islândia e um outro de Açores. Há o desafio de conduzir à esquerda da faixa de rodagem, à direita do automóvel e, como se a lateralidade não estivesse confundida o suficiente,  as mudanças são metidas com a mão esquerda. Desafio superado com distinção e gargalhadas imensas.
Se as cidades são encantadoras, como Stirling e Edimburgo, é a natureza que impera e aquece a alma. Partir de Glasgow numa manhã brindada com um forte nevão e conduzir até Portree, disse ser das estradas mais bonitas que alguma fiz. Menti. Contornar a ilha de Skye é uma perdição. Ir até Inverness outra imensidão de beleza. As paragens são tantas quantas as vezes que o deslumbramento toma conta de nós. Para os amantes de caminhadas, a Escócia oferece um vasto leque de trilhos marcados para nos ‘perdermos’ dias a fio.
Dificilmente quaisquer palavras ou fotografias farão jus à magia que brota deste país.
Aqui fica o convite, na forma de imagem, para um dos meus verbos favoritos: IR; para voltar, os que já lá foram; e para os indecisos, estão à espera de quê?

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Castelo de Eilean Donan

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Castelo Dunnotar

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